O caráter violento da inserção precoce de crianças e adolescentes no mercado formal e informal de trabalho revela-se em não poucas situações. No campo, a eternização do insulamento no rural faz que eles estejam permanentemente disponíveis para os usos e os abusos dos proprietários de terras e em estreita dependência do poder pessoal do turmeiro. O direito de mando, de que se investem
tais figuras, inspiradas no modelo patriarcal de organização familiar e societária, é fonte de profundas humilhações e desmoralizações quando as tarefas não são realizadas conforme padrões de quantidade e qualidade desejadas. Na cidade, as condições não são mais favoráveis. Via de regra, têm de concorrer em condições desiguais com o trabalhador adulto. Fragilizados, suportam, com maior dureza, as condições adversas de trabalho, que marcam as condições de vida da classe trabalhadora brasileira.
Paulo Sérgio Pinheiro e Sérgio Adorno. Internet: <www.nevusp.org> (com adaptações).