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Morte e vida severina


Esta cova em que estás, com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida


É de bom tamanho, nem largo, nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio


Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida


É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo


É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo, te sentirás largo


É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas à terra dada não se abre a boca


É a conta menor que tiraste em vida


É a parte que te cabe deste latifúndio


(É a terra que querias ver dividida)


Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada não se abre a boca

João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina. Rio
de Janeiro: Sabiá, 1967 (com adaptações).

Com base no trecho de poema apresentado acima, julgue o próximo item.

 

A descrição da cova por meio dos segmentos “Não é cova grande” e “É uma cova grande” constitui um paradoxo porque essas estruturas, a frase negativa e a afirmativa, apontam para os mesmos elementos referenciais.


Outras questões do mesmo concurso: UnB / Vest (UnB) / 2010 / Regular


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1º Dia - Prova Objetiva - Parte I

1º Dia - Prova Objetiva - Parte II

2º Dia - Prova Objetiva - Parte III

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