A minha ideia é que podemos dizer, racional e argumentativamente, que a estrutura da vida humana, em seu ser mesmo, tem um valor sensível negativo. Acredito que a totalidade dos seres humanos, quando confrontada autenticamente com a sua condição e sem contrabandos religiosos, admite que a situação estrutural da vida humana não é boa.
Essa ideia decorre de a vida ter uma estrutura estável, consistente, pelo menos nos seguintes quatro elementos: um nascimento mortal, que carrega em si seu próprio fim; um desenvolvimento que envolve degeneração constante, como envelhecimento; o estar sujeito a inúmeros sofrimentos e doenças; um espaço intramundano no qual se está plenamente consciente dos elementos anteriores.
Julio Cabrera. Sentido da vida e valor da vida: uma diferença crucial.
In: Philosophos revista de filosofia, vol. 9, n. o
1/2004, p. 16-8 (com adaptações).