De 1930 a 1945, o Modernismo sofre algumas adaptações. Não bastava mais uma arte que fosse brasileira e moderna. Ela havia de ser também social, vale dizer, vinculada aos problemas do povo brasileiro e destinada a ele. Em termos estilísticos, a imagem da segunda fase do Modernismo tem um tratamento mais realista e passa a privilegiar uma temática voltada para retratar o povo em situações de trabalho, nas suas festas e na sua miséria.
Esta posição acompanha uma politização crescente no interior do Modernismo. Ela será, no Brasil, a repercussão de um projeto cultural de esquerda que se espalha por todo o mundo, embora com conotações e interpretações nacionais. No centro deste projeto, há uma visão de arte como reflexo da realidade e como instrumento de conscientização política. Ela tomará feições que variam desde o chamado Realismo Socialista, passando pela arte social norte-americana e os muralistas mexicanos. Entre nós, Portinari será o seu principal representante.
Carlos Zílio. Da antropofagia à tropicália. In: O nacional e o popular na cultura brasileira. São Paulo: Brasiliense, p. 15 (com adaptações).