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Fábula de um arquiteto


A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.


Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até refechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.


João Cabral de Melo Neto. Fábula de um arquiteto. In: Antologia poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, p. 18.

 

Considerando o poema acima e o conjunto da obra de João Cabral de Melo Neto, julgue o seguinte item.

 

Esse poema é construído a partir de oposições em torno do eixo espaço aberto / espaço fechado e, dessa forma, expressa o caráter utópico e libertador da arte, que deve construir o aberto, mas alerta também, expressando autocrítica, para o risco de a arte enclausurar o homem.


Outras questões do mesmo concurso: UnB / Vest (UnB) / 2006 / Regular


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