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Universidade de Brasília
Questão 1 de 1
Assunto: Preposição

Seria uma felicidade para mim, decerto, a morte de Adrião. Desgraçadamente aquela criatura tinha sete fôlegos. Hoje quase a morrer, de olho duro, vela debaixo do travesseiro, a casa cheia. Padre ao lado, os amigos escovando a roupa preta — e amanhã arrimado à bengala, perna aqui, perna acolá, manquejando.


Decididamente o Dr. Liberato é um sujeito desastrado: deixa que se vão os doentes que fazem falta e adia o fim dos inúteis. Guiomar Mesquita, com dezoito anos, flor de graça e bondade, como diz Xavier Filho, depois de quatro meses ora arriba ora abaixo, lá se foi em março. E a mulher do sapateiro, a tísica, ainda vive. Enquanto, carregado de apreensões, eu tentava acrescentar uma página aos meus caetés, ouvia-lhe a tosse cavernosa.


Vendo Adrião estirado, a gente perguntava:


— Há perigo, Doutor?


E o Dr. Liberato falava no ventrículo, na aurícula, nas válvulas, e opinavaC:


— Se não sobrevierem complicações, julgo que não há perigo.


Não sobrevinham complicações. A aurícula, o ventrículo, as válvulas continuavam a funcionar — e Adrião, combalido, existia.


Graciliano Ramos. Caetés. Rio, São Paulo: Record, Martins, 1975, p. 165.

Julgue os itens de 91 a 101, a seguir, acerca do trecho acima, do romance Caetés, de Graciliano Ramos, e do contexto literário e histórico em que a obra foi produzida, bem como das idéias e estruturas lingüísticas do texto.

 

Ao dizer “E o Dr. Liberato falava no ventrículo, na aurícula, nas válvulas, e opinava” (l.17-18), o autor descreve, mediante o uso da preposição em — “no”, “na” e “nas” —, não o lugar onde o médico falava, mas o assunto da conversa.



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