A malária, de forma endêmica ou epidêmica, manifestou-se desde o início da colonização. A referência mais antiga está em uma carta do padre Manuel da Nóbrega, datada de 1549, na qual ele se refere a outro religioso que “se acha mal das pernas, que lhe arrebentaram depois das maleitas que teve”. Essa doença recebia vários nomes: terçã (ou febre terçã, que se repetia a cada três dias), quartã, sezão, maleita, paludismo e carneirada.
A malária grassou do extremo norte ao sul e nos limites do sertão, oeste adentro. Nos últimos anos do século XVIII, Vilhena ainda afirmava, sem hesitar, que o clima do Brasil “pouco ou nada difere hoje do de Angola, sujeito até às mesmas carneiradas, com que morre gente infinita”.
Emanuel Araújo. O teatro dos vícios: transgressões e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993, p. 55.