A situação dos holandeses tinha alguma coisa de especial — que os afastava de outros Estados e nações na Europa barroca. Essa coisa era a precocidade. A HolandaE se tornou um império mundial em apenas duas gerações; a mais formidável potência econômica estendeu-se pelo globo desde a Tasmânia até o Ártico. Os holandeses, porém, eram circunavegadores claustrofóbicos. No final, toda aquela estupenda riqueza era consumida no espaço restrito de uma fervilhante colméia de menos de 2 milhões de habitantes. A prodigiosa qualidade de seu sucesso subiu-lhes à cabeça, mas também lhes deu certo fastio. Simon Shama. O desconforto da riqueza. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992, p. 19 (com adaptações).