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As Viagens de Marco Polo: a verdadeira história do livro do século XIV

 

É possível confiar em um homem que afirma ter visto um unicórnio na ilha de Sumatra, na Indonésia?

 

Esta e outras questões igualmente válidas lançam dúvidas sobre a confiabilidade dos relatos de Marco Polo (1254-1324), desde que o livro As Viagens de Marco Polo se tornou um best-seller, no século XIV.

 

A obra foi traduzida para dezenas de idiomas, copiada à mão em incontáveis manuscritos e era disponível em qualquer local sofisticado da Europa.

 

O livro de Marco Polo é o primeiro relato europeu sobre a Rota da Seda. Suas histórias são repletas de maravilhas, especiarias, ouro e pedras preciosas.

 

Elas também descrevem hábitos extravagantes e fascinantes estratégias de guerra. Tudo isso faz com que a leitura do relato de viagem seja um verdadeiro prazer — mas também, em parte, algo "difícil de acreditar", como observou um copista particularmente escrupuloso ao lado da sua cópia.

 

Mas não é preciso ser tão cético. Atualmente, setecentos anos após a morte de Marco Polo, no dia 8 de janeiro de 1324, podemos dizer com bastante certeza de que o famoso comerciante, explorador, escritor e antropólogo autodidata veneziano, de fato, viu um unicórnio — ou, pelo menos, não teria mentido a respeito.

 

"Veneza era a Nova York do mundo da época", segundo o historiador italiano Pieralvise Zorzi. Sua família tem raízes que remontam aos tempos de Marco Polo e mais além.

 

A cidade era uma metrópole multicultural e receptiva — um centro comercial vibrante que conectava o Ocidente ao Oriente e onde a única religião verdadeira era o comércio. E a família Polo se destacou nesta atividade.

 

O pai de Marco Polo, Niccolò, e seu tio, Matteo, tinham um palácio muito próximo onde hoje fica o apartamento de Zorzi no Grande Canal de Veneza.

 

Eles também mantinham escritórios em Istambul, na Turquia, mas sua perspicácia os levou a fechá-los pouco antes que os gregos tomassem a cidade e expulsassem os venezianos.

 

Niccolò e Matteo Polo venderam tudo na hora certa e saíram para o Oriente, em busca de novos mercados.

 

Eles comercializaram seda, especiarias, pedras preciosas e a cobiçada glândula de um pequeno animal, o veado-almiscareiro, usada no preparo de perfumes.

 

Eles voltaram a Veneza depois de alguns anos e, na sua segunda viagem à China, em 1271, levaram Marco Polo, então com dezessete anos de idade.

 

Segundo o relato de Marco Polo, eles viajaram por três anos ao longo da Rota da Seda, a partir de Israel. Eles cruzaram o Oriente Médio e boa parte da Ásia Central, até a corte do imperador mongol Kublai Khan, neto de Gengis Khan, em Pequim, na China.

 

Os viajantes passaram cerca de vinte anos na China, negociando e trabalhando como uma espécie de embaixadores do governo local.

 

A família Polo voltou à Europa via Sumatra e ilhas Andaman, no Oceano Índico. Eles contornaram a Índia pelo mar até chegar ao Iêmen, Istambul e, finalmente, Veneza.

 

Quando os três comerciantes chegaram, Marco Polo estava na casa dos quarenta anos. A lenda conta que, quando eles bateram à porta do seu palácio, o servo perguntou quem era e eles responderam: os donos.

 

Mas, um ano depois, Marco Polo foi preso. Ele foi capturado pelos genoveses em uma das batalhas entre as cidades marítimas rivais de Veneza e Gênova.

 

Na prisão, ele teve a sorte de conhecer o escritor e editor Rustichello de Pisa, que percebeu o potencial literário do relato de Marco Polo sobre um mundo que, na época, era bastante desconhecido dos europeus. Eles, então, escreveram a história.

 

O livro foi um sucesso. O texto era tão envolvente que foi copiado inúmeras vezes e traduzido para diversos idiomas.

 

E quanto ao unicórnio?

 

Marco Polo explicou que seu chifre é grosso e preto. Sua cabeça parece a de um javali selvagem, ele está sempre olhando para baixo e adora a lama.

 

"Ele é muito feio e não se parece em nada com o que imaginamos, nem com uma criatura que pudesse ser embalada por uma mulher virgem, pelo contrário", escreveu ele.

 

Marco Polo realmente viu esse animal. Era o que hoje chamamos de rinoceronte.

 

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c8v2zrnqpe4o. Adaptado.

 

A obra 'foi' traduzida para dezenas de idiomas, copiada à mão em incontáveis manuscritos e 'era' disponível em qualquer local sofisticado da Europa.

 

Os verbos destacados na frase encontram-se conjugados, respectivamente, no:



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