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Para responder à questão, considere o texto abaixo.

 

TEXTO 2

 

Papel, caneta e tinteiro postos sobre a mesa de trabalho, era preciso escolher as palavras exatas, as mais inequívocas. Ao se sentar para redigir uma carta a Washington Luís naquele 10 de maio de 1929, Getúlio buscava sepultar todas as desconfianças que o Palácio do Catete viesse a nutrir a seu respeito: “Pode Vossa Excelência ficar tranquilo que o Partido Republicano do Rio Grande do Sul não lhe faltará com seu apoio no momento preciso”, garantiu Getúlio, referindo-se à questão sucessória nacional.

 

Por trás do compromisso, a intenção era autoevidente.A) Não convinha irritar o “Barbado” — apelido pelo qual o presidente da República vinha sendo chamado nas revistas humorísticas da época. A despeito da propalada elegância, Washington Luís era um homem temperamental, dado a explosões de espírito quando contrariado. Numa charge histórica publicada pela revista O Malho, ele era visto de porrete na mão, ameaçando os adversários.B) Na legenda, lia-se a frase historicamente atribuída ao presidente, a mesma que, dizia-se, ele não cansava de repetir sempre que enfrentava circunstância adversa: “Comigo é na madeira!”

 

Washington Luís sempre negou ter cunhado semelhante máxima.C) Jurava que o mesmo valia para outro axioma da política nacional, igualmente creditado a ele: “A questão social é um caso de polícia.” Também nunca falara aquilo, garantia Washington Luís. Tanto em um caso quanto no outro, tudo não passaria de uma “deformação violenta da verdade”, mentiras maldosas, fabricadas pela deslealdade dos oponentes. Era um indivíduo enérgico, sempre cobrava posições firmes dos subordinados e dos aliados, assumia. Quando pressionado por uma opinião contrária, era acometido de um tique nervoso, um balançar involuntário de cabeça, como se estivesse a espantar mosquitos invisíveis da ponta do nariz. Tinha dificuldade em suportar o contraditório quando convencido de que estava com a razão.D) Mas não era um troglodita, um celerado que distribuía bordoadas aos opositores com porrete, assegurava.

 

Seja como for, o melhor era não se arriscar a entrar na madeira, calculou o sempre previdente Getúlio Vargas. Desde o ruído provocado pelos discursos desencontrados de João Neves e Flores da Cunha no fim do ano anterior, Getúlio se derramava em mesuras ao presidente da República. Antes do recesso parlamentar de 1928, orientara a bancada gaúcha a ir em bloco cumprimentar Washington Luís no Catete, em visita oficial de cortesia. Na ocasião desse verdadeiro beija-mão majestático em plena República, um constrangido João Neves serviu de porta-voz à mensagem enviada por Getúlio em nome do povo rio-grandense: Sua Excelência ficasse certo de que as ações do governo federal em benefício do estado haviam “ligado indissoluvelmente” o nome do presidente da República “ao progresso do Rio Grande do Sul”.

 

Getúlio, na verdade, refazia as contas. Faltavam-lhe ainda quase três anos de mandato à frente do governo do Rio Grande.E) Pelo sim, pelo não, era mais prudente continuar mantendo relações cordiais com o Catete. Persistia o temor de que as especulações sobre um rompimento com o governo federal — a partir de uma ainda hipotética candidatura alternativa à de Júlio Prestes — avinagrassem a parceria administrativa entre estado e governo central. Era tudo o que Getúlio não desejava.

 

(Extraído e adaptado de: Lira Neto, Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-

1930). 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p.299-300. 509 palavras)

 

Assinale a alternativa em que a substituição do sinal de pontuação está INCORRETA.



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