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Tribunal Regional Eleitoral do Piauí
Questão 1 de 1
Assunto: Sujeito

Texto


Do fenômeno que corresponde ao que C. Lévy-Strauss chama de “as variantes culturais” resulta a ideia de que a identidade cultural é, ao mesmo tempo, estável e movediça. Ela pode até evoluir no tempo, mas ela também se reconhece nas grandes áreas civilizacionais, históricas: é o que os antropólogos chamam de hipótese do “continuísmo”. Não se diz que o século XVI foi ítalo-ibérico; o XVII e o XVIII, franceses; o XIX, anglo-germânico, assim como o XX seria norte-americano? Mas o que isso quer dizer? Trata-se ainda de uma essência?


O “essencialismo” e “a busca da origem” são duas ideias falsas. A ideia segundo a qual o indivíduo ou um grupo humano funda(m) sua existência sobre uma perenidade, sobre um substrato cultural estável, que seria o mesmo desde a origem dos tempos, sobre uma “essência”, não se sustenta. Se, no entanto, existe uma identidade coletiva, esta só pode ser a que está relacionada àquilo que é partilhado, logo, relacionado à produção de um sentido coletivo.


Trata-se, porém, de uma partilha instável, cujas fronteiras são imprecisas e na qual intervêm influências múltiplas. É uma ilusão crer que nossa identidade repousa sobre uma entidade única, homogênea, uma essência que constituiria nosso substrato do ser: “Não existe identidade ‘natural’ que nos seria imposta pela força das coisas. Não há senão estratégias identitárias, racionalmente conduzidas por atores identificáveis. Nós não estamos condenados a permanecer reféns desses sortilégios” (Bayard, 1996). Infelizmente, essa ilusão — esse sortilégio — é o que impede que se atinja a identidade plural dos seres e das comunidades e, infelizmente, é uma ilusão em nome da qual muitos abusos são cometidos.


Quanto à “busca de si”, eis outra falsa ideia igualmente perigosa. Estudiosos têm feito pesquisas sobre esse ponto. O que é a autenticidade de um indivíduo ou de um grupo? O retorno à condição de feto para o indivíduo, à origem da espécie para o grupo? A busca pela origem não é sempre uma fantasia? Vamos nos desvencilhar dessas duas noções e estabelecer que “ser eu mesmo” é, primeiramente, ver-me diferente do outro; que, se há uma busca do sujeito, isso é, antes de mais nada, a busca de não ser o outro.


P. Charaudeau. Identidade linguística, identidade cultural: uma relação

paradoxal. In: Lara e Limbert (Orgs.). Discurso e desigualdade social. São Paulo: Contexto, 2015, p. 17-8 (com adaptações).

 

Relativamente ao texto Identidade linguística,..., assinale a opção que apresenta uma oração cujo sujeito é indeterminado.



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