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Leio o título no jornal: “Zika agrava abandono de mulheres no Nordeste”. Esse “agravaB)”, no início da frase, é tão dramático quanto o “ZikaB)” que o antecede, pois nos diz de duas epidemias sobrepostas. A mais antiga, o abandono sistemático de mulheres e filhos, já é aceita naturalmente, como se fizesse parte da normalidade. Resta pedir aos céus que não nos acostumemos com a outra.


Houve um tempo em que mocinha que aparecesse grávida era expulsa de casa. Hoje, se a adolescente aparecer grávida, a família acaba de criá-la e a seu filho. As duas atitudes desconsideram o homem que engravidou a mocinha. Ela que se cuidasse. Foi dar uma de gostosa, ele sucumbiuD).


O filho é dela, só dela, e a ela cabe criá-lo. Como se fosse apenas um acidente de percurso, o pai some a caminho do futuro, sem problemas de consciência.


Tudo isso já faz parte de infinitas rotinas domésticas brasileiras. O país aceita como normal esse modelo em que as crianças são as mais prejudicadas, sem pai, sem família organizada, sem as oportunidades que presença e contribuições de um pai poderiam lhes dar.


Mas o Zika impõe uma pergunta: acharemos normal que pais abandonem seus filhos malformados, ou buscaremos atitudes mais civilizadas?


COLASANTI, Marina. Duas epidemias sobrepostas. Disponível em: <http://www.
revistapazes.com/duas-epidemias-sobrepostas-texto-de-marina-colasanti/>. Acesso em:
3 abr. 2016. Adaptado.

 

Tendo em vista a polifonia que se desenvolve ao longo dos argumentos construídos pela voz autoral, é correto afirmar:



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