Enunciados de questões e informações de concursos

Texto I

 

O Carioquês e Paulistas

 

Quem quer ser imediatamente identificado no Rio como paulistano fala em semáforo. Ou farol, como vulgarmente se diz em São Paulo. Lá, a designação que prevalece é sinal luminoso.

 

E as diferenças estão longe de ficar nisso.

 

Aqui, um simples encanador é convocado quando se trata de reparar vazamento ou infiltração; já no Rio, o profissional chamado é nada menos que um grandiloquente bombeiro. Os zeladores de edifício, como cá os denominamos, lá são os porteiros. No Rio, não há manobristas de automóvel, pois no balneário os que exercem essas funções às portas dos restaurantes, teatros, hotéis e afins são chamados de manobreiros. Pivete é a tradução carioca dos nossos trombadinhas. Já os nossos guardadores, lá são carinhosamente alcunhados de flanelinhas. E com relação ao próprio estacionamento na rua junto à calçada como se diz aqui, ou ao passeio, como se prefere no Rio – a manobra é feita da mesma maneira, mas lá se estaciona junto ao composto meio-fio, ao passo que aqui alinhamos o veículo a uma prosaica guia.

 

E em caso de trombada, com danos à lataria? Em São Paulo, o jeito é procurar um funileiro, ao passo que, no balneário, o procurado deve ser um lanterneiro, ainda que um e outro nada tenham a ver com a fabricação de funis ou de lanternas.

 

A paulistana carta de motorista no balneário vira carteira. Já a carteira de cigarros, lá vendida, aqui é um simples maço.

 

Também é inútil procurar no Rio presunto para o lanche – ou para a merenda, como lá se chama. Deve-se pedir fiambre. Presunto fica restrito no balneário aos que partem desta para melhor, abandonados na rua indevidamente.

 

BRANCO, Frederico. Carioquês e paulistas. Jornal da Tarde, Rio de Janeiro, p.4, 8 jan.1992.

 

Texto II

 

 

Texto III

 

De domingo

 

— Outrossim?

— O quê?

— O que o quê?

— O que você disse.

— Outrossim?

— É.

— O que que tem?

— Nada. Só achei engraçado.

— Não vejo a graça.

— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.

— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.

— Se bem que parece uma palavra de segunda-feira.

— Não. Palavra de segunda-feira é "óbice".

— “Ônus".

— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.

— “Resquício” é de domingo.

— Não, não. Segunda. No máximo terça.

— Mas “outrossim”, francamente…

— Qual o problema?

— Retira o “outrossim”.

— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás, é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.

 

(VERÍSSIMO. L F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: LP&M, 1996)

 

Texto IV

 

 

“Quais são as minhas notas, Chico?”

 

O uso da vírgula, no texto II, na fala da professora é justificado pelo seguinte motivo:



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