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Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo .
Pensando sobre o exílio
Houve um tempo em que muitos brasileiros estavam no exílio, por questões políticas. Tão velho quanto a civilização, o exílio é uma pena cruel, inventada para proporcionar ao apenado a terrível experiência do desenraizamento, da expatriação, dessa espécie de orfandade imposta pelos que nos afastam da nossa terra materna.
Convidado a falar sobre a relação entre literatura e exílio, num ciclo de palestras promovido por uma associação cultural, dispus-me a investigar mais de perto o conceito mesmo de exílio − para que a palestra não rodasse em torno de uma ideia pouco determinada. Num artigo do professor e pensador Edward Said, em que esse grande intelectual palestino faz sérias reflexões sobre o tema, encontrei esta pérola, esta bela citação que faz Said de um monge da Saxônia, Hugo de Saint Victor, de escritos datados do século XII:
“O homem que acha doce seu torrão natal é ainda um iniciante fraco. Aquele para quem todo solo é sua terra natal já é forte. Mas perfeito é aquele para quem o mundo inteiro é uma terra estrangeira. A alma frágil fixou seu amor num ponto do mundo; o homem forte estendeu seu amor para todos os lugares; o homem perfeito extinguiu esse amor”.
Said comenta: “são linhas assustadoramente belas”. Humildemente, ouso ressaltar a sabedoria magistral desse monge, que se esquivou das dores e amores que nos prendem a algum lugar para proclamar o espaço essencial de todo homem: o de sua própria interioridade. Tratando-se de um monge, é lícito pensar que esse homem perfeito não está sozinho dentro de si mesmo; sua companhia é Deus.
(Salvador Gouveia, inédito)
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto: