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Universidade de Brasília
Questão 1 de 1
Assunto: Sem classificação

Textos

 

SONETO II


Leia a posteridade, ó pátrio Rio,
Em meus versos teu nome celebrado;
Por que vejas uma hora despertado
O sono vil do esquecimento frio:


Não vês nas tuas margens o sombrio,
Fresco assento de um álamo copado;
Não vês ninfa cantar, pastar o gado
Na tarde clara do calmoso estio.


Turvo banhando as pálidas areias
Nas porções do riquíssimo tesouro
O vasto campo da ambição recreias.


Que de seus raios o planeta louro
Enriquecendo o influxo em tuas veias,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.


Cláudio Manuel da Costa. SONETO II. In: Obras poéticas. Rio de Janeiro: Garnier, 1903, pp. 104 e 105.


HINO NACIONAL


Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
Com água dos rios no meio,
O Brasil está dormindo, coitado
Precisamos colonizar o Brasil.


O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...


Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.


Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.


Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...


Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão
de seus sofrimentos.


Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?


Carlos Drummond de Andrade. HINO NACIONAL. In: Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983, pp. 108 e 109.

 

A respeito das diferenças e semelhanças entre os textos dos poetas mineiros Cláudio Manuel da Costa e Carlos Drummond de Andrade, julgue o item a seguir.


Embora sejam de períodos históricos diferentes, os dois poemas apresentam o mesmo elemento de crítica — um protesto contra a posição periférica do país na geopolítica mundial —, o que revela a ausência de mudança tanto da linguagem poética quanto dos problemas nacionais nos últimos dois séculos.


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