Enunciados de questões e informações de concursos

Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa.


Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas?


Com algum ciclista tombado?


Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo?


E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará.


E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois – Dom Quixote ou Sancho – vive uma vida mais intensa e portanto mais verdadeira...


E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida.


Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor.


E agora?


Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti:


"Io sonno un poeta o sonno un imbecile?"


Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia...


A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar, e não pensar por ele.


E daí?


– Mas o melhor – pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança –, o melhor é repor depressa os óculos no nariz.


QUINTANA, Mário.Pausa.Disponível em:

<https://tecopoetasonhador.blogspot.com.br./2010/07/ pausa-mario-quintana.html>. Acesso em: 20 nov. 2016.

 

Nessa crônica, o tema é colocado de maneira direta e, aparentemente, simplista. Sobre o texto, é correto afirmar que o cronista reflete sobre sua



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