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Texto I

 

A garagem de casa

 

Com o portão enguiçado, e num convite a ladrões de livros, a garagem de casa lembra uma biblioteca pública permanentemente aberta para a rua. Mas não são adeptos de literatura os indivíduos que ali se abrigam da chuva ou do sol a pino de verão. Esses desocupados matam o tempo jogando porrinha, ou lendo os jornais velhos que mamãe amontoa num canto, sentados nos degraus do escadote com que ela alcança as prateleiras altas. Já quando fazem o obséquio de me liberar o espaço, de tempos em tempos entro para olhar as estantes onde há de tudo um pouco, em boa parte remessas de editores estrangeiros que têm apreço pelo meu pai. Num reduto de literatura tão sortida, como bem sabem os habitués de sebos, fascina a perspectiva de por puro acaso dar com um livro bom. Ou by serendipity, como dizem os ingleses quando na caça a um tesouro se tem a felicidade de deparar com outro bem, mais precioso ainda. Hoje revejo na mesma prateleira velhos conhecidos, algumas dezenas de livros turcos, ou búlgaros ou húngaros, que papai é capaz de um dia querer destrinchar. Também continua em evidência o livro do poeta romeno Eminescu, que papai ao menos tentou ler, como é fácil inferir das folhas cortadas a espátula. Há uma edição em alfabeto árabe das Mil e Uma Noites que ele não leu, mas cujas ilustrações admirou longamente, como denunciam os filetes de cinzas na junção das suas páginas coloridas. Hoje tenho experiência para saber quantas vezes meu pai leu um mesmo livro, posso quase medir quantos minutos ele se deteve em cada página. E não costumo perder tempo com livros que ele nem sequer abriu, entre os quais uns poucos eleitos que mamãe teve o capricho de empilhar numa ponta de prateleira, confiando numa futura redenção. Muitas vezes a vi de manhãzinha compadecida dos livros estatelados no escritório, com especial carinho pelos que trazem a foto do autor na capa e que papai despreza: parece disco de cantor de rádio.

 

(Chico Buarque. O irmão alemão. 1 ed. São Paulo. Companhia das letras. 2014. p. 60-61. Texto adaptado com o acréscimo do título.)

 

A obra O irmão alemão, último livro de Chico Buarque de Holanda, tem como móvel da narrativa a existência de um desconhecido irmão alemão, fruto de uma aventura amorosa que o pai dele, Sérgio Buarque de Holanda, tivera com uma alemã, lá pelo final da década de 30 do século passado. Exatamente quando Hitler ascende ao poder na Alemanha. Esse fato é real: o jornalista, historiador e sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, na época, solteiro, deixou esse filho na Alemanha. Na família, no entanto, não se falava no assunto. Chico teve, por acaso, conhecimento dessa aventura do pai em uma reunião na casa de Manuel Bandeira, por comentário feito pelo próprio Bandeira.

 

Foi em torno da pretensa busca desse pretenso irmão que Chico Buarque desenvolveu sua narrativa ficcional, o seu romance.

 

Sobre a obra, diz Fernando de Barros e Silva: “o que o leitor tem em mãos [...] não é um relato histórico. Realidade e ficção estão aqui entranhadas numa narrativa que embaralha sem cessar memória biográfica e ficção”.

 

O verbo matar tem variadas acepções além daquela que foi empregada no texto. Na coluna I, estão enunciados construídos com o verbo matar em algumas de suas significações. Na coluna II, estão essas significações. Relacione as duas colunas numerando a segunda de acordo com a primeira.

Coluna I

Coluna II

1. “Esses desocupados matam o tempo jogando porrinha”

( ) Levar à exaustão, ao esgotamento.

2. Ele foi preso porque matou o ladrão que lhe invadiu a casa.

( ) Fazer algo sem apuro ou cuidado.

3. Ela me trouxe cinco charadas, que matei em um piscar de olhos.

( ) Saciar-se.

4. A desnutrição causada pela fome mata milhões de pessoas na África.

( ) Causar grande prejuízo; arruinar.

5. Os desmandos das autoridades podem matar as pequenas empresas.

( ) Resolver, adivinhar, decifrar.

6. A má tradução mata livros que, em sua versão original, são verdadeiras obras primas.

( ) Deixar o tempo passar.

7. A palavra mata mais que o ato.

( ) Sacrificar-se, fazer tudo por alguém.

8. A traição mata o amor mais rápido do que um tiro certeiro.

( ) Tirar a vida de alguém, assassinar.

9. A exagerada disciplina do Exército o matava.

( ) Contribuir para que algo ou alguém morra; levar à morte.

10. Ela só matava a fome lá em casa.

( ) Causar sofrimento a; mortificar, afligir, ferir.

11. Os tios se mataram para ver o rapaz formado.

( ) No futebol, amortecer o impacto da bola a fim de dominá-la.

12. O craque matou a bola no peito e, em seguida, fez belíssimo gol.

( ) Fazer desaparecer, extinguir.

Está correta, de cima para baixo, a sequência seguinte:


Outras questões do mesmo concurso: UECE / Vest (UECE) / 2015


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