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Universidade do Estado da Bahia
Questão 1 de 1
Assunto: Sem classificação

O texto seguinte servirá de base para responder à questão abaixo.

Poética

 

Manuel Bandeira

 

Estou farto do lirismo comedido

 

Do lirismo bem-comportado

 

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

 

Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.

 

Abaixo os puristas.

 

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

 

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

 

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

 

Estou farto do lirismo namorador

 

Político

 

Raquítico

 

Sifilítico

 

De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

 

De resto não é lirismo

 

Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar & agraves mulheres, etc.

 

Quero antes o lirismo dos loucos

 

O lirismo dos bêbados

 

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

 

O lirismo dos clowns de Shakespeare.

 

- Não quero saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. "Poética"

 

Manuel Bandeira, um dos grandes nomes do movimento modernista da Primeira Geração, faz severas críticas à tradição literária, pois, segundo o poeta, as normas gramaticais e o rigor formal, tão valorizadas nas outras escolas literárias, podem comprometer o texto, além de limitar a criatividade de quem o escreve. 

 

O verso utilizado por Bandeira, que se refere aos normativos mais conservadores, é:



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