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Texto para a questão abaixo.
Estava em tempo de aprender a ler. Menino solto sem a carta de abecê e a tabuada nas mãos. (...) Meu primeiro mestre me ensinava as letras, a princípio com agrado. Aos poucos foi se aborrecendo e chegou até a gritar: “— Menino burro!” (...) Não havia jeito. As lágrimas corriam dos meus olhos e comecei a ter ódio do dr. Figueiredo. Não aprendia nada. “É muito rude” — ouvi-o dizendo a dona Judite. — “Nunca vi menino tão rude”. Aquela palavra rude se parecia com Rute. (...) É verdade que não aprendia nada. Continuava no mesmo. Ouvia a cantoria das meninas e nada me entrava na cabeça. (...) A escola de dona Donzinha continuava na mesma tirada. Meninas cantando as lições, e eu rude. (...) Nada aprendi na aula do mestre desgraçado. Somente fiquei mais próximo da infelicidade. (...) Tudo me parecia dificílimo. As letras boiavam nos meus olhos banhados de lágrimas, pois a tia Naninha perdia a paciência com a minha obtusidade e me dava piparotes. (...) Aquele suplício era pior que o da asma. Às vezes desejava cair doente para fugir das lições. No entanto era preciso aprender a ler. A minha cabeça era de pedra.
José Lins do Rego. Meus verdes anos. Rio de
Janeiro, José Olympio / INL, MEC, 1980, p.187- 213.
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