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TV, o poder paralelo
A história da televisão pode ser dividida em três grandes períodos. O primeiro é a fase clandestina, nos anos 50, começo dos 60. A televisão era elegante, voltada para uma classe média restrita a São Paulo e Rio de Janeiro. A partir de 1964, esquematicamente, a TV ganhou impulso pela coincidência de interesses, pois o governo militar quis desenvolver as comunicações no país dentro da política de segurança nacional. Assim, a televisão cresceu com a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel) e vários órgãos, até que em 1985, quando o general João Figueiredo deixou o governo, ela descobriu uma liberdade nunca vista antes. Passou então a participar diretamente da vida política do país. Houve episódios interessantes, como o da escolha do último ministro da Fazenda do governo José Sarney, Maílson da Nóbrega. Sarney recebeu Maílson e depois de tudo acertado pediu-lhe que fizesse uma visita a Roberto Marinho. Ele assim fez, e a Rede Globo, antes de o próprio Sarney formalizar, anunciou o nome do novo ministro. Há muitos outros exemplos da participação da televisão na formulação de leis, etc., em que se coloca acima das instituições brasileiras.
Gosto de usar a imagem do pit bull. No começo, quando a TV era praticamente clandestina, era um filhote inofensivo. Mas o pequeno pit bull foi criado num quartel, numa relação pavloviana de estímulos e reações. Quando os militares se retiraram o animal já tinha crescido. Como colocar uma coleira nesse bicho agora? Essa é a questão a discutir, o controle social da televisão. A Constituição prevê, nos artigos 220 a 224, uma série de obrigações para a TV, mas ela nunca obedeceu a esses preceitos.
Outra questão, já resolvida em países desenvolvidos, é a propriedade cruzada, que ocorre quando um determinado grupo empresarial controla jornais, revistas e emissoras de rádio e de televisão. A população, dentro de sua área de influência, tem a opinião formada e dominada por esse grupo de comunicações. Há muito disso no Brasil, especialmente no Nordeste, mas também no Rio Grande do Sul. Falta uma legislação para definir o assunto. Estados Unidos e países da Europa consideram esse fato uma ameaça à liberdade de informação.
Os brasileiros, segundo informações da Câmara Brasileira do Livro, lêem apenas 1,7 livro por ano. É muito pouco. As pessoas se formam e se informam assistindo televisão, discutem tudo a partir do que vêem no vídeo. Pouquíssimos lêem jornal, revista. Preocupa ver um meio de divulgação tão poderoso como a TV acima de qualquer regulamentação.
(SIMÕES, Inimá Ferreira. Problemas Brasileiros, mar./abr. 2005.)
Segundo o autor, a televisão tem hoje um poder excessivo, que deveria ser limitado: