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O juridiquês  e outras falas

 

Tem razão o prof. Tércio Sampaio Ferraz, da Faculdade de Direito da USP, quando distingue entre o alambicado e o técnico. Se associações de juízes vêm criticando, com bons fundamentos, os abusos do juridiquês  — linguagem rebuscada utilizada por muitos advogados e membros do Judiciário —, é necessário preservar termos técnicos não só do Direito, mas de outras áreas do conhecimento que fazem todo o sentido na comunicação entre especialistas. Linguagem rebuscada não é privilégio dos bacharéis, mas estes esmeram-se na exibição de floreios, enquanto outros profissionais optam mais pela linguagem técnica. Mas a linguagem técnica tem limites quando utilizada na comunicação com os leigos.

 

De onde viria a concentração do rebuscamento no mundo dos bacharéis? Alberto Venâncio Filho, autor do livro Das arcadas aos bacharéis: 150 anos de ensino jurídico no Brasil, faz alusão à influência da Universidade de Coimbra, transmitida de geração a geração, assim como à fala prolixa de Rui Barbosa. Com todo o respeito a esse ícone do universo jurídico, lembro-me de um exemplo que corrobora a referência feita pelo acadêmico Venâncio. Em certa ocasião, deparei-me com um advogado lendo um alentado volume de Rui, sobre as virtudes e males de diferentes regimes políticos. Como eu lhe perguntasse se tinha interesse especial no assunto, respondeu-me que nem tanto: lia qualquer coisa escrita pelo mestre, para aprimorar o estilo.

 

Em matéria publicada na Folha de S.Paulo em 2005, o presidente do STJ, Edson Vidigal, afirma com muita propriedade que o juridiquês  “é como latim em missa: acoberta um mistério que amplia a distância entre a fé e o fiel; do mesmo modo [isso ocorre] entre o cidadão e a lei”. Que outro propósito, consciente ou inconsciente, teriam as ilegíveis receitas de alguns médicos que o cidadão, convertido em analfabeto, entrega à decifração dos atendentes de farmácias?

 

Boris Fausto. Memória e história. São Paulo: Graal, 2005. p. 119-21 (com adaptações).

 

Com relação à compreensão e à interpretação do texto acima bem como a aspectos morfossintáticos, julgue o próximo item.

 

Sem prejuízo para o sentido e para a correção gramatical do texto, a oração “que fazem todo o sentido na comunicação entre especialistas” poderia ocupar, desde que precedida de vírgula, a posição após a expressão “termos técnicos”.



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