Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é
[falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada
[nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações
alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 2003.