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Texto para a questão.
Como e por que sou escritor, sem deixar de ser um tanto sociólogo
O que principalmente sou? Creio que escritor. Escritor literário. O sociólogo, o antropólogo, o historiador, o cientista social, o possível pensador são em mim ancilares do escritor. Se bom ou mau escritor é outro assunto.
Como tentativa de oferecer, a esse respeito, um depoimento ou uma confissão de possível interesse sociológico, procurarei fixar aqui algumas das orientações que considero essenciais à afirmação de um escritor como escritor, e que se baseiam até certo ponto na minha própria experiência. Sobre elas, por outro lado, se apóia minha esperança de ser escritor, sem ser, exatamente, beletrista.
Ser escritor é desenvolver uma atividade que nada tem de burocrática. É uma atividade mais de aventura que de rotina. A sociologia da atividade de escritor está ainda por fazer. É uma sociologia difícil de ser traçada, tão diferente tende a ser o escritor de outros homens, quer dos das chamadas profissões liberais, quer dos que vivem de ofícios ou de artes. Ele é um pouco de tudo isso sem pertencer mais especificamente a nenhum desses grupos profissionais. É inseguro. Sabe-se de companhias de seguros que têm segurado por altas somas mãos de pianistas. Mas não, mãos de escritor.
Gilberto Freire. Como e por que sou e não sou sociólogo. Brasília: EDUnB, 1968, p. 165 (com adaptações).
Com base, exclusivamente, nas informações contidas no texto, assinale a opção correta.