Cruzada pela leitura
Não há política pública que gere resultados em cadeia tão abrangentes como a do setor da educação, capaz de impulsionara o crescimento econômico com redução da desigualdade social. Países ricos e com alto patamar de desenvolvimento humano tratam esse setor como prioridade de Estado.b
O Brasil, como é notório, ainda não aprendeu essa lição. No último Pisa (avaliação internacional aplicada a estudantes de 15 anos), em 2018, ficamos na 42a posição em leitura entre 60 países, com 413 pontos – a média internacional é de 487.c
É louvável, portanto, que o Ministério da Educação tenha realizado um diagnóstico do letramento no início da vida escolar para respaldar ações nessa etapa, que é base fundamental do ensino.
A partir de entrevistas com 251 professores de 206 municípios de todos os estados do país, a pesquisa Alfabetiza Brasil estabeleceu quais são as habilidades necessárias para que um aluno seja considerado alfabetizado – ler pequenos textos de períodos curtos e escrever, ainda que com erros ortográficos, textos simples de situações cotidianas, como um convite ou recado.
O levantamento do MEC dá suporte ao plano de açãod do governo federal para a alfabetização no país. Além de um aporte de R$ 800 milhões, o projeto prevê alterações na distribuição de recursos com base em resultados da alfabetização – procedimento similar teve sucesso no Cearáe, estado que ostenta os melhores indicadores em educação do país.
Deve-se conhecer melhor o programa para avaliá-lo, mas não há dúvida de que uma política com foco no letramento infantil é há muito tempo necessária e, com o impacto da pandemia, urgente.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 02.06.2023. Adaptado)