“Desde a mais remota antiguidade, sempre as mulheres tiveram a sua queda para os tolos. Alcibíades, Sócrates e Platão foram sacrificados por elas aos presumidos do tempo. Turenne, La Rochefoucauld, Racine e Molière foram traídos por suas amantes, que se entregaram a basbaques notórios. No século passado todas as boas fortunas foram reservadas aos pequenos abades. Estribadas nesses exemplos, as nossas contemporâneas continuaram a idolatrar os descendentes dos ídolos das suas avós. Não é nosso fim censurar uma tendência, que parece invencível; o que queremos é motivá-la. Por menos observador e menos experiente que seja, qualquer pessoa reconhece que a toleima é quase sempre um penhor de triunfo. Desgraçadamente ninguém pode por sua própria vontade gozar das vantagens da toleima. A toleima é mais do que uma superioridade ordinária: é um dom, é uma graça, é um selo divino”.
(Extraído de: Obra Completa de Machado de Assis. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.Trecho com adaptações).