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Fala aos inconfidentes mortos


Treva da noite,
lanosa capa
nos ombros curvos
dos altos montes
aglomerados...
Agora, tudo
jaz em silêncio:
amor, inveja,
ódio, inocência,
no imenso tempo
se estão lavando...


Grosso cascalho
da humana vida...
Negros orgulhos,
ingênua audácia,
e fingimentos
e covardias
(e covardias!)
vão dando voltas
no imenso tempo,
— à água implacável
do tempo imenso,
rodando soltos,
com sua rude
miséria exposta...


Parada noite,
suspensa em bruma:
não, não se avistam
os fundos leitos...
Mas, no horizonte
do que é memória
da eternidade,
referve o embate
de antigas horas,
de antigos fatos,
de homens antigos.


E aqui ficamos
todos contritos,
a ouvir na névoa
o desconforme,
submerso curso
dessa torrente
do purgatório...
Quais os que tombam,
em crime exaustos,
quais os que sobem,
purificados?


Cecília Meireles In: Romanceiro da Inconfidência Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p 278-9

O poema Fala aos inconfidentes mortos encerra a obra Romanceiro da Inconfidência, na qual Cecília Meireles aborda o importante episódio histórico acontecido em Minas Gerais. Acerca desse poema e de aspectos a ele relacionados, julgue os itens de 57 a 61 e assinale a opção correta no item 62, que é do tipo C.

 

Apesar de o título do poema remeter a um momento histórico específico, Cecília Meireles coteja esse episódio com uma perspectiva temporal mais ampla, conforme se infere dos versos “no imenso tempo” (v. 10 e 20) e “do tempo imenso” (v.22).



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