Sem petróleo, todo mundo vivia muito bem, obrigada — usando, claro, outras fontes de energia, como madeira, tração animal, vento e carvão vegetal. A madeira foi a primeira: é utilizada desde a descoberta do fogo e ficou imbatível por milênios — era a queima dela que cozinhava os alimentos, aquecia e iluminava as casas.
Sua hegemonia durou até 1750, quando, com o aumento populacional das cidades europeias, a demanda cresceu e a oferta diminuiu. A alternativa passou a ser o carvão mineral. Em 1900, vinha desse mineral metade da energia usada para cozinhar, passar roupa, aquecer e iluminar casas e cidades.
Nas indústrias, o mineral substituiu a tração dos escravos e dos animais, com as máquinas a vapor. Até em carros o carvão foi usado. Em 1863, apenas cerca de 500 exemplares deles foram vendidos — eram grandes, caros, barulhentos e muito lentos. E o carvão também tinha “efeitos colaterais”. A queima de seus derivados liberava substâncias poluentes, como o dióxido de carbono e o enxofre.
Mas, se na economia tudo ia bem, como o petróleo entra nessa história? Pode-se dizer que ele foi necessário por uma simples questão de espaço. O carvão limitava a potência das máquinas a vapor, que viraram geringonças gigantes. E, como elas eram incompatíveis com a Revolução Industrial, o petróleo foi a solução. Conhecido desde a pré-história (os persas já sabiam que era um ótimo combustível), foi apenas em 1849 que se descobriu que, de sua destilação, outros produtos eram obtidos, como o querosene, a gasolina e o gás de cozinha.
Em 1893, o primeiro carro com motor à gasolina foi construído nos Estados Unidos. E virou uma febre, que dura até hoje.
Carolina Galassi. Como fazíamos sem petróleo. In: Aventuras na História,
ed. 214, São Paulo: Editora Caras, 2021 (com adaptações).