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O Brasil nacionalista

 

Se pudéssemos fazer uma terapia de grupo entre países, surgiriam comportamentos reveladores durante as sessões. Haveria aquele país que mal notaria a existência dos outros [...]. Claro que haveria também países menos problemáticos, como o Chile ou a Suíça, contentes com a sua pouca relevância. Não seria o caso do Brasil, paciente que sofreria de diversos males psicológicos. Bipolar, oscilaria entre considerações muito negativas e muito positivas sobre si próprio. Obcecado com sua identidade, em todas as sessões aborreceria os colegas perguntando “Quem sou eu?”, “Que imagem eu devo passar?”, “O que me diferencia de vocês?”.

 

Muito mais do que entre habitantes de outras pátrias, a identidade nacional foi sempre um problema psicanalítico no Brasil. Construída sob traumas, a imagem que os brasileiros têm de si próprios oscilou entre extremos.

 

Até a década de 1930, tudo aquilo que hoje achamos naturalmente brasileiro – o samba, a feijoada, a capoeira, o futebol – não eram ícones da identidade nacional. Considerava-se a feijoada um prato regional como o barreado ou o acarajé. Nas colônias de imigrantes, pouca gente falava português [...]. Os brasileiros não se reconheciam. O futebol era um estrangeirismo que muitos intelectuais reprovavam como um povo alegre e cordial – e o mundo também não associava essa característica ao Brasil. A falta de identidade era considerada um problema desde os tempos do Império e se agravou com a República. Quando os militares derrubaram a monarquia, em 1889, acabaram com uma das poucas coisas em comum entre os brasileiros – o fato de serem súditos de dom Pedro II. O Brasil, sem a coroa, tinha ficado sem cara.

 

Os brasileiros também tinham vergonha de si próprios.

 

NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do Brasil. Rio de Janeiro: Leya, 2011, p. 150-152.

 

Este extrato “O futebol era um estrangeirismo que muitos intelectuais reprovavam” compõe-se de:



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