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Texto para o item
Existe no mercado uma tendência de crescimento da taxa de atividade feminina e de melhoria para as mulheres na disputa por postos de trabalho. De fato, desde meados dos anos oitenta do século XX, a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais elevada que a masculina, o que representa um forte aumento de pessoas do sexo feminino entre a população ocupada.
Muitas razões podem explicar esse comportamento mais favorável às mulheres do que aos homens, no que se refere à expansão do nível de ocupação. Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturação produtiva iniciada na década de noventa do século passado, que afeta principalmente o emprego industrial, cuja redução massiva tem rebatimentos negativos e incide mais sobre os homens do que sobre as mulheres, pouco representadas no setor.
Outro fator que estimula a inserção produtiva das mulheres diz respeito à expansão da economia de serviços. Entretanto, há de se considerar que esse fenômeno pouco tem alterado a predominância de um ou outro sexo em determinados setores, dado o perfil da segregação ocupacional de gênero: as mulheres permanecem majoritárias ― representam mais de 70% do total ― nas atividades de saúde e de ensino, na administração pública e nos serviços pessoais.
O terceiro fator que favorece o aumento do emprego feminino nos anos recentes é a maior flexibilização do mercado de trabalho, juntamente com a “precarização” das relações de trabalho, dada a falta de regulamentação de certas garantias de trabalho e de seguridade social, as formas de contrato sem carteira assinada, a diminuição dos níveis salariais, o aumento das formas de trabalho em domicílio e por conta própria e o aumento da informalidade, de forma geral.
Esse enfoque explica o aumento maior de oportunidades de emprego para as mulheres, em razão, sobretudo, das características da atual divisão do trabalho por sexo: o emprego em atividades de tempo parcial atrairia prioritariamente as mulheres, pois permitiria compatibilizar trabalho doméstico e trabalho remunerado; como mão de obra secundária, as mulheres aceitariam salários inferiores, o que atenderia mais imediatamente à demanda dos setores público e privado, até porque, em face do aumento do desemprego, seriam provavelmente as primeiras a serem dispensadas.
Em outras palavras, existe uma oposição entre elevação da taxa de emprego feminina ― ou “feminização” do emprego ― e a “precarização” das relações de trabalho, e isso explica vantagens comparativas da mão de obra feminina sobre a masculina.
Tânia M. Fontenele-Mourão. Mulheres no topo de carreira: flexibilidade e persistência. Brasil: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2006. Internet: <www.dominiopubl ico.gov.br> (com adaptações).
Com base na estrutura linguística do texto, julgue o item que se segue.
Não haveria prejuízo para a correção gramatical ou para o sentido original do texto caso o primeiro período do segundo parágrafo fosse assim reescrito: Muitos são os motivos que podem explicar esse comportamento mais favorável a mulher do que os homens, quanto à expansão do nível de ocupação.