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Texto CB1A1-I
É impressionante como, em nosso tempo, somos contraditórios no que diz respeito aos direitos humanos(A). Em comparação a eras passadas, chegamos a um máximo de racionalidade técnica e de domínio sobre a natureza(B), o que permite imaginar a possibilidade de resolver grande número de problemas materiais do homem, quem sabe, inclusive, o da alimentação.
No entanto, a irracionalidade do comportamento é também máxima(C), servida frequentemente pelos mesmos meios que deveriam realizar os desígnios da racionalidade. Assim, com a energia atômica, podemos, ao mesmo tempo, gerar força criadora e destruir a vida pela guerra; com incrível progresso industrial, aumentamos o conforto até alcançar níveis nunca sonhados, mas excluímos dele as grandes massas que condenamos à miséria; em muitos países, quanto mais cresce a riqueza, mais aumenta a péssima distribuição dos bens. Portanto, podemos dizer que os mesmos meios que permitem o progresso podem provocar a degradação da maioria.
Na Grécia antiga, por exemplo, teria sido impossível pensar em uma distribuição equitativa dos bens materiais, porque a técnica ainda não permitia superar as formas brutais de exploração do homem, nem criar abundância para todos. Em nosso tempo, é possível pensar nisso, mas o fazemos relativamente pouco. Essa insensibilidade nega uma das linhas mais promissoras da história do homem ocidental, aquela que se nutriu das ideias amadurecidas no correr dos séculos XVIII e XIX.
Essas ideias abriram perspectivas que pareciam levar à solução dos problemas dramáticos da vida em sociedade. E, de fato, durante muito tempo, acreditou-se que, removidos uns tantos obstáculos, como a ignorância e os sistemas despóticos de governo, as conquistas do progresso seriam canalizadas no rumo imaginado pelos utopistas(D), porque a instrução, o saber e a técnica levariam, necessariamente, à felicidade coletiva. Contudo, mesmo onde esses obstáculos foram removidos, a barbárie continuou entre os homens(E), embora não mais se ache normal o seu elogio, como se todos soubessem que ela é algo a ser ocultado e não proclamado.
Antonio Candido. Vários escritos. 3.ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995, p. 169-70 (com adaptações).
Assinale a opção que apresenta o tema central do texto CB1A1-I.