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Atenção: A questão abaixo se refere ao texto que segue.
Nem democracia, nem ditadura
Nem a democracia funciona da maneira que a maioria gostaria, nem o autoritarismo é visto como solução. Eis o dilema que ajuda a explicar o mal-estar visível a olho nu não só no Brasil mas em toda a América Latina. É a inescapável conclusão a que se chega ao ler os números do “Latinobarómetro”, pesquisa anual feita por uma instituição chilena com o mesmo nome, desde 1995.
A revista britânica “The Economist” resume o trabalho na edição que está nas bancas. Para o Brasil, valem os seguintes números: só 30% dizem que “a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo”. É a mais baixa porcentagem desde o início das pesquisas. Mas, ao mesmo tempo, só 18% concordam que, “em certas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a u governo democrático”. Posto de outra forma: o pessoal não está gostando da maneira como a democracia funciona, mas não vê o autoritarismo (recorrente no passado presente) como a alternativa. Como não há meia-democracia nem meio-autoritarismo, fica-se com a perplexidade como marca registrada.
Idêntica perplexidade aparece em quesitos econômicos: uma maioria (pequena, mas maioria) de latino-americanos (52%) prefere a economia de mercado, mas é crescente o número dos que criticam as privatizações. No Brasil, por exemplo, só 40% concordam com a frase “as privatizações de companhias estatais têm sido benéficas”. “The Economist” diz, já no título, que a pesquisa é “um sinal de alarme para os democratas latinoamericanos”. Tem razão. Embora o autoritarismo não apreça como a alternativa, abre-se formidável avenida para os aventureiros de todos os tipos. Não será com eles, como já se viu no Brasil de 1989, que a democracia funcionará melhor.
(Folha de S. Paulo, Julho/2001)
A concordância verbal está inteiramente respeitada na frase: