Enunciados de questões e informações de concursos
O futuro de uma ilusão
Mais uma vez um jogo de azar mobiliza as esperanças de grande parte da população brasileira. Desta vez é a Mega-Sena, cujos prêmios acumulados montam a estimados R$ 170 milhões.
Essa febre não é recente. A primeira loteria do país surgiu em 1784; tratava-se de angariar verbas para reconstruir a Câmara e a Cadeia da antiga Vila Rica (atual Ouro Preto, em Minas Gerais). Regulamentadas por D. Pedro II, em 1844, tais apostas passaram a engordar o Orçamento da União em 1899, já no período republicano.
E como engordaram. Hoje, os recursos das loterias financiam várias rubricas – a começar pela Seguridade Social, destino de 18,1% da receita com a Mega-Sena. O dinheiro custeia ainda o crédito educativo, o Fundo Nacional de Cultura, a construção de penitenciárias e os comitês olímpico e paraolímpico.
O fluxo para os cofres públicos é tamanho que o prêmio, na verdade, equivale a apenas 32,2% do total arrecadado. Ou seja, se alguém fizesse todas as apostas possíveis, ainda assim perderia – como argumenta Adam Smith em sua Riqueza das Nações. No jogo, só existe um único ganhador: o governo.
De um ponto de vista formal, as apostas são voluntárias: ninguém é obrigado a jogar. Mas as loterias acenam com sonhos tão sedutores que os jogadores, em particular os menos abastados, talvez se sintam quase compelidos a tentar a sorte.
Os indivíduos seguem as pegadas do filósofo Blaise Pascal: arriscam o finito para ganhar o infinito. Que têm a perder? Muito pouco. O governo, nesse caso, se alimenta do azar da sociedade – e pode-se apostar, infelizmente, que essa situação persistirá por muitos anos.
(Folha de S.Paulo, 21.11.2015. Adaptado)
Observe as frases:
– Desta vez é a Mega-Sena, cujos prêmios acumulados montam a estimados R$ 170 milhões.;
– Essa febre não é recente.;
– ... talvez se sintam quase compelidos a tentar a sorte.
Considerando-se os usos contextuais dos termos destacados, identificam-se como seus respectivos sinônimos: