Retratos de Leitura – Considerações sobre a 6ª edição da pesquisa
Ricardo A. Fernandes
Nove anos é tempo suficiente para consolidar uma tendência iniciada em 2015: a queda no número de leitores no Brasil. Uma década atrás, eram 56% os brasileiros que, quando perguntados, haviam lido ao menos um livro, inteiro ou em partes, nos 3 meses anteriores. Caiu para 52% em 2019, e em 2024, a sexta edição da pesquisa “Retratos de Leitura”, que deu origem a um livro lançado na última Bienal do Rio, mostra que o patamar baixou dos 47%. Em nove anos, o país perdeu mais de 11 milhões de leitores. E a primeira vez, desde a primeira pesquisa realizada em 2007, que existem mais “não leitores” do que “leitores”.
Uma análise criteriosa desta diminuição deve considerar as características por região, faixa etária, nível educacional e gênero. Entretanto, seja qual for o segmento analisado, a queda é geral. Mulheres leem mais, adultos e crianças, ricos e pobres, mas em todos os casos, dos estados do Nordeste, passando pelo Sudeste e Centro-oeste: todos estão lendo menos.
A situação se agravou nos últimos anos. Em 2019, as pessoas liam em média, total ou parcialmente, 2,60 livros a cada três meses. Em 2024, 2,04. Entre os leitores, a quantidade caiu de 5,04 para 4,36 livros. Ou seja: até os leitores estão lendo menos.
Neste universo de ignorância, dois aspectos chamam atenção. O primeiro é a diminuição da leitura de livros didáticos em 30% na última década. Outro ponto remete ao mundo online. Se em 2015, apenas 14% leu ao menos um livro de lado para consultar mensagens no celular ou no computador. O resultado não poderia ser pior: cresceu o número de pessoas que declaram abertamente não ter paciência e não gostar de ler.
A pesquisa pouco se ressentiu pela internet, é possível perceber facilmente o aumento do número de leitores entre 2011 e 2015, seguida de queda, mais precisamente de 2019 em diante [...].
A iniciativa privada também pode fazer a sua parte. Com alguma criatividade e perseverança, gerentes e médias editoras criaram canais de distribuição para vender livros mais baratos, que chegassem até as pessoas nos meios de transporte. Resta saber o quanto isso realmente interessa aos que compram. “As organizações públicas e particulares, É possível que um país de não leitores contribua para aumentar o fluxo de caixa da ignorância.” A ver.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2025/07/1056042-retratos-de-leitura-consideracoes-sobre-a-6a-edicao-da-pesquisa.shtml. Excerto, Acesso em 06/07/2025.