Ataque em escola expõe carência de ensino inclusivo a crianças e adolescentes
Lei federal incentiva combate ao assédio moral sistemático, mas instituições precisam adotar medidas concretas contra o preconceito, a exclusão e a violência.
O recente ataque de um aluno de 13 anos em uma escola estadual de São Paulo, que resultou na morte de uma professora e cinco pessoas feridas, não é um caso isolado.
Ele retrata comportamentos moldados pela mais absoluta carência de valores e indiferença a sentimentos alheios, somados à ineficácia de gestões públicas na implementação de práticas inclusivas, formação continuada, valorização de professores e aplicação de leis.
Um grande erro é pensar que o bullying e o preconceito estão atrelados a uma mera vocação violenta.
Essa visão nos faz buscar vilões e heróis na história, acreditando que basta retirarmos os vilões que o problema será extirpado.
O aumento da violência dentro das escolas está diretamente ligado à ausência de práticas inclusivas e preventivas nas instituições de ensino. Ignorar isso é um equívoco perigoso.
O respeito à diversidade precisa ser ensinado nas escolas, locais repletos de pessoas em formação e distintas umas das outras, um mundo bem diferente do ambiente doméstico.
Pesquisa feita pela FEBRABAN-IPESPE mostrou a escola como ambiente mais propício a esse tipo de assédio moral - sendo cor, raça e orientação sexual as principais razões para o bullying. O estudo "Bullying e Cancelamento: Impacto na Vida do Brasileiro" ouviu 3.000 pessoas nas cinco regiões do país em 2022.
A violência precisa ser tratada com seriedade por toda a comunidade escolar. É preciso que as instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, adotem medidas efetivas de combate e prevenção ao bullying, conforme estabelece a lei 13.185/2015 - Combate à Intimidação Sistemática (Bullying).
A lei informa, por exemplo, que é dever do estabelecimento de ensino assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática.
A educação inclusiva traz resultados efetivos em uma escola quando desenvolvida com uma rede de profissionais especializados em educação inclusiva. O núcleo deve agir de forma abrangente nas comunidades escolares, envolvendo todas as questões de diversidade e preconceitos.
Esse grupo especializado se movimenta usando todos os seus tentáculos. Atua diretamente nas formações continuadas de professores, das famílias e de alunos para que todos se tornem agentes de mudança e contribuam para um ambiente respeitoso e que gere muito mais garantia de aprendizagem.
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Fonte: VIDEIRA, Carolina. Ataque em escola expõe carência do ensino inclusivo
a crianças e adolescentes. Folha UOL (online), 30 mar. 2023 (adaptado).