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"Quiet Quitting", fenômeno nas redes sociais, é uma forma de reação à vida real

 

O Quiet Quitting se tornou conhecido após ganhar as redes sociais, mais especificamente o TikTok, nas quais diversos perfis compartilharam o que seria esse fenômeno e como aderir ao movimento. Em 2020, os Estados Unidos se viram frente a um movimento que ganhou o nome de "A Grande Renúncia", o qual reverbera até hoje e levou 4,5 milhões de americanos à demissão voluntária só no mês de maio.

 

O Quiet Quitting está, de certa forma, relacionado a essa renúncia em massa. "É um termo que, em tradução livre, quer dizer 'demissão silenciosa'. E ele diz respeito ao comportamento de fazer o mínimo no trabalho", explica Natália Lins Brandão, pesquisadora do Instituto de Psicologia da USP. Uma das causas pode ser que, no período da pandemia, as fronteiras entre horário de trabalho e horário de lazer, assim como o próprio estado físico da casa e do trabalho, acabaram se misturando. Isso levou à completa exaustão, pois a preocupação virou um trabalho de 24h por dia. Nesse período, muitas pessoas viram que seu trabalho poderia ser feito remotamente, sem perder a produtividade.

 

Superficialmente, diz-se que é um movimento geracional que tem a ver com a falta de querer ou a desmotivação para trabalhar. Isso faria com que muitos trabalhadores desistissem de seus empregos ou não cumprissem com mais do que o combinado na hora da contratação. Na contramão, a demissão silenciosa é muito mais que isso. Não se trata, assim, apenas de um desânimo ou de quem opta por fazer o mínimo, mas pode ser uma resposta à cobrança excessiva de produtividade e entrega.

 

Muitos não veem futuro na empresa em que estão empregados, estão psicologicamente separados de seu trabalho ou não satisfeitos com a descrição do cargo. Também, a maioria das pessoas que começam a agir dessa forma está procurando por novos empregos. [...]

 

O papel dos gestores

 

De acordo com um estudo publicado no Harvard Business Review, o Quiet Quitting "tem mais a ver com a inabilidade dos gestores de manterem uma boa comunicação do que propriamente com a falta de vontade dos empregados. Confiar na sua liderança influencia muito em como se portar no trabalho e, quanto mais um líder abertamente conversa com seu subordinado, maior é o nível de confiança. Isso resulta em um sentimento de que seu trabalho tem algum propósito, que o esforço vale a pena e que o gestor se importa com seu bem-estar".

 

Natália, porém, lembra que esse fenômeno não atinge a classe trabalhadora por inteiro: "Isso não é hegemônico, tem um recorte de classe". A pesquisadora ainda salienta que pessoas que não podem escolher entre trabalhar ou não, muitas vezes não podem optar pelo Quiet Quitting.

 

Fonte: ESTANISLAU, Julia. "Quite Quitting" fenômeno nas redes sociais, é uma

forma de reação à vida real. Jornal da USP (online), 01 nov. 2022 (adaptado).

 

Em "Isso não é hegemônico", o pronome "isso" refere-se



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