Vá à praia – antes que ela acabe
Amanda Gorziza e Renata Buono
As praias e dunas brasileiras estão sendo engolidas pelo mar. Num processo lento, a paisagem de mais de 7 mil km de litoral do país está sendo radicalmente modificada pela natureza e pela mão humana, conforme mostram os dados de uma análise do MapBiomas feita a partir de imagens de satélite. De 1985 a 2020, o Brasil perdeu de praias, dunas e areais continentais o equivalente à área de Salvador, capital da Bahia. No total, foram cerca de 70 mil hectares. Proporcionalmente, 15% da área de praias, dunas e areais existentes no Brasil foram perdidos. Em 1985, ______ 451 mil hectares desse tipo de cobertura, mas, em 2020, esse número passou para 382 mil hectares.
Além da erosão costeira, com o avanço das águas do mar sobre as faixas de areia, há outros motivos para o sumiço das paisagens litorâneas, ______ estão a pressão imobiliária e a multiplicação de empreendimentos salineiros ou para produção de espécies aquáticas em cativeiro, além da expansão de espécies vegetais invasoras. O Rio de Janeiro foi o estado que mais perdeu superfície de dunas, praias e areais. Desde 1985, a costa fluminense perdeu 49% de sua área, o equivalente a 665 Maracanãs. Nesse caso, como em quase todos os estados, as grandes perdas estão associadas a campos de dunas e paleodunas, e não de praias, segundo o MapBiomas.
Um dos motivos da diminuição das paisagens litorâneas é a construção de estradas e prédios, ou seja, obras de infraestrutura urbana, ______ representam 10% da mudança do uso da terra das praias, dunas e areais. Já a preservação desses locais é importante para o controle da erosão costeira e a manutenção da biodiversidade da faixa litorânea, mas apenas 40% das áreas no Brasil estão protegidas por alguma Unidade de Conservação (UC). Algumas cidades costeiras estão sendo tomadas pelo Oceano Atlântico, como é o caso do distrito de Atafona, localizado no município de São João da Barra, no litoral Norte do Rio de Janeiro. Em 36 anos, desapareceu metade das praias, dunas e areais da região. Segundo os especialistas, isso ocorreu por causa da erosão costeira na região – erosão, por sua vez, provocada pela ação antrópica e pelos efeitos das mudanças climáticas.
Mesmo sendo uma região com extensos cordões arenosos, o Rio Grande do Sul perdeu 28% das áreas de dunas, praias e areais de 1985 a 2020. Entre os casos de ocupação por usos da terra no estado, há o avanço dos pinheiros sobre campos dunares em áreas que fazem limite com florestas plantadas. Em 36 anos, 6,3 mil hectares de praias e dunas viraram silvicultura no estado gaúcho.
(Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/va-praia-antes-que-ela-acabe/ – texto adaptado especialmente para esta prova).