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O principal objetivo do cinema é retratar as emoções. O teatro pode recorrer às frases de efeito e sustentar o interesse da plateia por meio de diálogos eminentemente intelectuais, e não emocionais. Já para o ator de cinema, a ação é fundamental: é o único meio de assegurar a atenção do espectador, e mais, o seu significado e a sua unidade emergem dos sentimentos e das emoções que a determinam. No cinema, mais do que no teatro, os personagens são, antes de tudo, sujeitos de experiências emocionais. A alegria e a dor, a esperança e o medo, o amor e o ódio, a gratidão e a inveja, a solidariedade e a malícia conferem ao filme significado e valor. Quais as possibilidades de o cinema exprimir esses sentimentos de forma convincente?


Sem dúvida, uma emoção que não pode manifestar-se verbalmente perde parte de sua força; no entanto, os gestos, os atos e as expressões faciais se entrelaçam de tal forma no processo psíquico de uma emoção intensa que, para cada nuança, pode-se chegar à expressão característica. Basta o rosto — os rictos em torno da boca, a expressão dos olhos, da testa, os movimentos das narinas e a determinação do queixo — para conferir inúmeras nuanças à cor do sentimento. O close-up pode avivar muito a impressão. É no auge da emoção no palco que o espectador de teatro recorre aos binóculos para captar a sutil emoção dos lábios, a paixão ou o terror expressos no olhar, o tremor das faces. Na tela, a ampliação por meio do close-up acentua ao máximo a ação emocional do rosto, podendo também destacar o movimento das mãos, por meio do qual a raiva e a fúria, o amor ou o ciúme falam em linguagem inconfundível. Se a cena tende para o humor, um close-up de pés em colóquio amoroso pode muito bem contar o que se passa no coração dos seus donos. Os limites, todavia, são estreitos. Muitos sintomas emocionais, tais como corar ou empalidecer, se perderiam na expressão meramente fotográfica, e, o que é mais importante, essas e muitas outras manifestações dos sentimentos fogem ao controle voluntário. Os atores de cinema podem recriar os movimentos cuidadosamente, imitando as contrações e os relaxamentos dos músculos, e, mesmo assim, ser incapazes de reproduzir os processos mais essenciais à verdadeira emoção — os que se passam nas glândulas, nos vasos sanguíneos e nos músculos autônomos.


Hugo Munsterberg. As emoções. In: Ismail Xavier.

A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal, 1983, p. 46-7 (com adaptações).

 

Com relação aos aspectos linguísticos apresentados no texto, julgue o item subsequente.

 

Mantendo-se a correção gramatical do texto, a frase interrogativa que encerra o primeiro parágrafo do texto poderia ser reescrita da seguinte maneira: Se pergunta quais as possibilidades têm o cinema de exprimir esses sentimentos de forma convincente?



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