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TEXTO 6

 

O Poeta da Roça


Sou fio das mata, cantô da mão grosa

Trabaio na roça, de inverno e de estio

A minha chupana é tapada de barro

Só fumo cigarro de paia de mio

 

Sou poeta das brenha, não faço o papé

De argum menestrê, ou errante cantô

Que veve vagando, com sua viola

Cantando, pachola, à percura de amô

 

Não tenho sabença, pois nunca estudei

Apenas eu seio o meu nome assiná

Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre

E o fio do pobre não pode estudá

 

Meu verso rastero, singelo e sem graça

Não entra na praça, no rico salão

Meu verso só entra no campo da roça e

                                                        [dos eito

E às vezes, recordando feliz mocidade

Canto uma sodade que mora em meu peito.

[...]

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,

Coberto de trapo e mochila na mão,

Que chora pedindo o socorro dos home,

E tomba de fome, sem casa e sem pão.

 

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,

Eu vivo contente e feliz com a sorte,

Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

 

Adaptada de ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá: Filosofia de um trovador nordestino. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1978.

Patativa do Assaré, apesar de ter inúmeros poemas publicados, não escrevia nenhum deles. Com habilidade inacreditável de memorização, o poeta decorava todos seus poemas. Todos os versos que hoje podemos ver são graças ao trabalho de outras pessoas que se empenharam em transcrever os poemas do poeta, seja ouvindo diretamente do poeta, seja através de gravações. Deste modo, sua poesia é fortemente marcada pela oralidade. No texto de Patativa do Assaré, aparecem expressões da fala popular como “Sou fio das mata, cantô da mão grosa” (linha 160), “Trabaio na roça, de inverno e de estio”, (linha 161) “Cantando, pachola, à percura de amô” (linha 167). Considerando este aspecto da poesia de Patativa do Assaré, atente para as seguintes afirmações:


I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita de estilo coloquial marcada pelo uso consciente de palavras próprias da fala.


II. As expressões coloquiais utilizadas no texto revelam o lugar de onde veio o poeta e sua história, deixando claro que a poesia que produz é sobre as coisas simples da vida.


III. O emprego destes coloquialismos revela a cultura local em que o autor está inserido.

 

Está correto o que se afirma em



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