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Leia o poema I, para responder a questão.

 

POEMA I

 

A minha pátria é como se não fosse, é íntima

Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo

E minha pátria. Por isso, no exílio

Assistindo dormir meu filho

Choro de saudades de minha pátria.

 

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:

Não sei. De fato, não sei

Como, por que e quando a minha pátria

Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água

Que elaboram e liquefazem a minha mágoa

Em longas lágrimas amargas.

 

Vontade de beijar os olhos de minha pátria

De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...

Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias

De minha pátria, de minha pátria sem sapatos

E sem meias, pátria minha

Tão pobrinha!

(...)

 

Quero rever-te, pátria minha, e para

Rever-te me esqueci de tudo

Fui cego, estropiado, surdo, mudo

Vi minha humilde morte cara a cara

Rasguei poemas, mulheres, horizontes

Fiquei simples, sem fontes.

 

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta

Lábaro não; a minha pátria é desolação

De caminhos, a minha pátria é terra sedenta

(...)

 

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa

Que brinca em teus cabelos e te alisa

Pátria minha, e perfuma o teu chão...

Que vontade me vem de adormecer-me

Entre teus doces montes, pátria minha

Atento à fome em tuas entranhas

E ao batuque em teu coração.

 

Não te direi o nome, pátria minha

Teu nome é pátria amada, é patriazinha

Não rima com mãe gentil

Vives em mim como uma filha, que és

Uma ilha de ternura: a Ilha

Brasil, talvez.

(...)

 

(MORAES, Vinicius de. Pátria minha).

 

Vinicius de Moraes tematiza a relação do eu-lírico com a pátria. Assim, relacionando o poema com as proposições de Stuart Hall, assinale a alternativa correta.



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