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A medicina e a magia primitivas não conhecem nenhuma distinção nítida entre malefício e moléstia. Assim, por exemplo, a mesma reza que serve para aliviar uma parturiente poderá resguardar um indivíduo de qualquer acidente funesto, preservá- lo do mau-olhado ou imunizá-lo contra a infecção do ar ruim. Nos antigos documentos paulistanos, a própria palavra “doença” deve ser constantemente entendida nesse seu sentido genérico, que envolve todo acidente suscetível de provocar dor física. O sertanista delibera fazer seu testamento, em muitos casos, por estar doente “de uma frechada”, como sucedeu a Manuel Chaves e a Sebastião Preto, ou de ferimentos causados por algum animal bravo. E é possível acreditar que sejam dessa ordem as piores “doenças” do sertão. A varíola, como o sarampo, males adventícios, enlutam sempre muita gente durante os primeiros tempos da era colonial, mas é necessário ter-se em conta que sua ação se restringe, quase unicamente, às zonas de população mais estável, situadas no litoral ou em contato permanente com a marinha e o ultramar.
(Sérgio Buarque de Holanda. Caminhos e Fronteiras. 3. ed. São Paulo: Cia. das Letras, 1994, p. 90)
Por não fazer distinção entre malefício e moléstia, o sertanejo: