Para além dos profundos impactos sobre o meio ambiente e sobre a saúde da população, as consequências do garimpo ilegal em terras indígenas são diferentes entre homens e mulheres. Enquanto os homens, especialmente os mais jovens, estão mais vulneráveis ao aliciamento e à exploração do seu trabalho em troca de alimentos, celulares, álcool ou parte da produção, as mulheres raramente são integradas desse modo no ciclo econômico do garimpo ilegal. Por meio dessas atividades, os homens passam a ter acesso a armas de fogo, Internet e celulares trazidos pelos garimpeiros, usufruindo de maior acesso a informação, mobilidade, recursos e possibilidade de comunicação. Por outro lado, as mulheres enfrentam mais obstáculos para circular livremente no território (entre outras coisas, pelo risco de violência sexual), o que pode afetar sua capacidade de buscar alimentos, água ou acessar serviços de saúde, assim como de exercer seus papéis e funções sociais. Isso agrava as desigualdades entre homens e mulheres, criando condições de maior dependência em relação aos homens e exposição a violência, dentro e fora de suas comunidades.
Internet: <www.onumulheres.org.br> (com adaptações).