Enunciados de questões e informações de concursos

Panaceia indígena

 

Diz que o pajé da tribo foi chamado à tenda do cacique. Quando o pajé entrou, o cacique estava deitado meio gemebundo. A perna do cacique estava inchada, mais inchada que coxa de corista veterana. Tinha pisado num espinho envenenado. O pajé examinou, deu uns dois ou três roncos de pajé e depois aconselhou:

 

– Chefe tem passar perna folha de galho passarinho azul sentou.

 

Disse e se mandou, ficando os índios do staff1 do cacique encarregados de arranjar a tal folha. Depois de muito procurarem, viram um sanhaço pousado num galho de mangueira e trouxeram algumas folhas. Mas – eu pergunto – o cacique melhorou? E eu mesmo respondo: aqui! ó...

 

No dia seguinte estava com a perna mais inchada. Chamaram o pajé de novo. O pajé veio, examinou e lascou: “Hum-hum... perna grande guerreiro melhorou nada com folha galho passarinho azul pousou. Precisa lavar com água de lua.”

 

Disse e se mandou. O staff arranjou uma cuia e botou a bichinha bem no meio da maloca, cheia de água, que era pra – de noite – a lua refletir nela. Foi o que aconteceu. De noite houve a lua e, de manhãzinha, foram buscar a cuia e lavaram com a água a perna do cacique.

 

O pajé até já tinha pensado que o chefe ficara bom, porque não foi mais chamado. Passados uns dias, no entanto, voltaram a apelar para seus dotes de curandeiro. Lá foi o pajé para a tenda do cacique, encontrando-o deitado e com uma perna mais inchada que cabeça de botafoguense. Aí o pajé achou que já era tempo de acabar com aquilo. Examinou bem, fez um exame minucioso e sentenciou:

 

– Cacique vai perdoar pajé, mas único jeito é tomar penicilina.

 

(Stanislaw Ponte Preta. Dois amigos e um chato, 1986. Adaptado)

1 grupo de indivíduos que assessora um dirigente, um político etc.

 

A leitura do texto permite concluir corretamente que o pajé



spinner
Ocorreu um erro na requisição, tente executar a operação novamente.