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Graciliano Ramos (1892/1953), jornalista e político, exerceu o cargo de prefeito da cidade Palmeiras dos Índios, interior de Alagoas. Estreou em 1933, com o romance “Caetés”. “Vidas Secas” – publicado em 1938 – é o último romance desse autor. Leia um pequeno fragmento dessa obra. Trata-se de episódio muito importante que caracteriza o protagonista Fabiano.

 

— Você é um bicho, Fabiano.

 

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situação medonha - e ali estava forte, até gordo, fumando seu cigarro de palha.

 

— Um bicho, Fabiano.

 

Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raízes de imbu e sementes de mucunã.

 

Viera a trovoada e, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.

 

[...]

 

Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos - exclamações, onomatopeias. Na verdade, falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.

 

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2014.

 

“Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão [...]”

 

No trecho acima, pode-se inferir que Fabiano, em relação à linguagem da cidade, demonstrava



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