Desde o século XIX, depois da invenção da fotografia, do incremento do jornal, do surgimento do cinema e da explosão da publicidade, passo a passo, a era de Gutenberg foi cedendo seu espaço exclusivo ― de alta cultura e de linguagem tão próxima quanto possível da pureza de meios (a escrita) ― para linguagens cada vez mais híbridas, das quais o cinema e, então, a televisão são exemplos. Durante mais de três quartos do século XX, de um lado, o texto escrito mantinha-se como detentor dos valores da ciência, do conhecimento e do saber, enquanto, de outro lado, os meios de informação e entretenimento, marcados pela explosão do som e da imagem, tomavam crescentemente conta da paisagem cultural. Entre ambos, a arte mantinha sua sabedoria sobre o reino da sensibilidade. O advento da web e da linguagem que nela circula, a hipermídia, trouxe, entretanto, intensas transformações nessa distribuição de papéis e funções culturais.
Tudo começou a misturar-se.
Lúcia Santaella. A ecologia pluralista da comunicação:
conectividade, mobilidade, ubiquidade. São Paulo:
Paulus, 2010, p. 64 (com adaptações).