Enunciados de questões e informações de concursos
Texto 25A1-I
Quando Osório Duque-Estrada assumiu, em 1915, a cadeira que fora do poeta sergipano Sílvio Romero, Coelho Neto reconstituiu uma fala que, supostamente, seria de Romero e que se refere à poesia popular e ao espírito sertanejo:
Ninguém imagina como eu quero bem a isto, como acho isto bonito! Este sol que não se cansa de nos dar beleza e fartura e dengue às nossas mulheres, palavra que, às vezes, tenho vontade de o adorar porque é verdadeiramente um deus! Qual literatura! Se vocês querem poesia, mas poesia de verdade, entrem no povo, metam-se por aí, por esses rincões, passem uma noite no rancho, à beira do fogo, entre violeiros, ouvindo trovas de desafio. Chamem um cantador sertanejo, um desses caboclos distorcidos, de alpercatas e chapéu de couro, e peçam-lhe uma cantiga. Então sim. Poesia é no povo. Poesia para mim é água em que se refresca a alma e esses versinhos que por aí andam, muito medidos, podem ser água, mas de chafariz, para banhos mornos em bacia, com sabonete inglês e esponja. Eu, para mim, quero águas fartas — rio que corra ou mar que estronde. Bacia é para gente mimosa e eu sou caboclo, filho da natureza, criado ao sol.
Alexei Bueno. Uma história da poesia brasileira. Rio de Janeiro: Germakoff Casa Editorial, 2007, p. 409 (com adaptações).
No texto 25A1-I, as palavras “isto", “mas”, “alpercatas”, “muito”, “corra" e “mimosa” pertencem, respectivamente, às classes de palavras