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Texto CG1A1-II


A ideia de sujeito é um legado da filosofia moderna. Trata-se de uma das noções fundadoras do humanismo e de alguns dos principais valores do mundo ocidental. Embora encontremos referências às faculdades e disposições da subjetividade (razão, paixões, vontades, desejos) ao longo dos pensamentos antigo e medieval, é somente com René Descartes que a noção de sujeito é constituída sob a égide de sua filosofia da consciência. O sujeito cartesiano emerge para a filosofia como um composto de alma e corpo, cuja atividade fundamental, o pensamento, edifica as bases de todo conhecimento possível. Com Descartes surge, pois, o sujeito cognoscente, cuja prerrogativa fundamental consiste no uso do intelecto, que, enquanto faculdade da alma, se impõe como única via de acesso à verdade. De posse desse atributo superior, o ser humano torna-se capaz de compreender a constituição do seu corpo e apreender a realidade do mundo. O privilégio do pensamento tem como contraponto o menosprezo das paixões que animam a vida do indivíduo.


A história do pensamento demonstra, porém, que, aos poucos, a noção de sujeito ampliou seus horizontes de revelação. A consciência cognoscente, que definia o sujeito apenas com base em sua relação com o objeto (mundo), foi enriquecida em suas funções a partir do momento em que a subjetividade tornou-se também reconhecida como fluxo de vivências corporais e mentais. À natureza do sujeito, constituída até então por pensamentos e intuições, foram acrescidos percepções, sentimentos e emoções. O sujeito, em sua tessitura psicológica, passou a ser representado sob a forma de eu. O eu define o modo como percebemos, sentimos, intuímos, decidimos, escolhemos, imaginamos, tudo que se nos refere e nos afeta em nossa dimensão existencial. Esta consciência que vive sua interioridade (identidade do eu) e interage com o mundo é também situada no espaço onde convivem outras consciências. O eu encontra aqui o seu correlato: o outro.


Marconi Pequeno. Sujeito, autonomia e moral. In:

Rosa Maria Godoy Silveira et al. Educação em direitos

humanos: fundamentos teórico-metodológicos. João Pessoa: Editora Universitária, 2007, p. 187-8 (com adaptações).


Sem prejuízo para os sentidos do texto CG1A1-II, feitas as devidas alterações gramaticais nas orações em que se encontram, os conectores “Embora”, “pois” e “porém” poderiam ser substituídos, respectivamente, por



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