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Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
 

Linguagem e poder


A mulher pobre que chega ao caixa de um banco e não consegue fazer entender sua situação – ela deve pagar uma fatura de cartão de crédito que lhe foi enviado sem que pedisse, e que jamais utilizou – é um exemplo corriqueiro do poder das palavras e da fragilidade de quem não as domina. A mulher acabará sendo despachada, sem resolver seu problema, pela impaciência do bancário e de todos os que estão na fila. Duas carências na mesma pessoa: a de recursos econômicos e a de linguagem. Nem o conforto de um status prestigiado, nem a desenvoltura argumentativa de um discurso.


Graciliano Ramos, no romance Vidas secas, tratou a fundo dessa questão: suas personagens, desamparados retirantes nordestinos, lutam contra as privações básicas: a de água, a de comida... e a de linguagem. O narrador desse romance é um escritor ultraconsciente de seu ofício: sabe que muito da nossa identidade profunda e da nossa identificação social guarda uma relação direta com o domínio que temos ou deixamos de ter das palavras. Não há, para Graciliano, neutralidade em qualquer discurso: um falante carrega consigo o prestígio ou a humilhação do que é ou não é capaz de articular.


Nas escolas, o ensino da língua não pode deixar de considerar essa intersecção entre linguagem e poder. O professor, bem armado com sua refinada metalinguagem, pode, evidentemente, reconhecer que há uma específica suficiência na comunicação que os alunos já trazem consigo; mas terá ele o direito de não prepará-los para um máximo de competência, que inclui não apenas uma plena exploração funcional da língua, mas também o acesso à sua mais alta representação, que está na literatura?


(Juvenal Mesquita, inédito)

 

Atente para as seguintes afirmações:


I. No 1º parágrafo, insinua-se que o conforto de um status prestigiado e a desenvoltura argumentativa de um discurso não costumam ocorrer concomitantemente.


II. No 2º parágrafo, afirma-se que, para Graciliano Ramos, não existe neutralidade em qualquer discurso porque o poder das palavras não guarda necessária relação com outras esferas do poder.


III. No 3º parágrafo, admite-se que deixar um aluno estacionado no patamar de um uso linguístico que já é o seu constitui um modo de privá-lo tanto do poder objetivo como do caráter artístico da linguagem.


Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em



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