#974280 QUADRIX - 2016 - Especialista Técnico (CRP 6 (SP))/Psicólogo

Somos todos poetas

Assisto em mim a um desdobrar de planos.
As mãos veem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

(Murilo Mendes)

Nos versos de 6 a 12, o eu lírico:

descreve sua hegemonia pessoal em relação às demais pessoas, já que ele mesmo é o único capaz de produzir poesia, ou seja, não somos, no fundo, todos poetas.
analisa seu papel diante do mundo, já que, ao se sentir em uma posição privilegiada diante dos demais, cobrase controlar as atitudes alheias.
questiona seu papel diante do mundo, mostrando-se egoísta ao se descrever em uma posição de isolamento em relação às demais pessoas que o cercam.
reafirma sua individualidade, que o torna, de certa maneira, mais capaz que os demais.
afirma a igualdade e a compaixão, já que se coloca em igualdade na comparação com o outro, sem qualquer relação de superioridade quanto aos demais.