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TEXTO 1
O trabalho histórico
A origem do termo que já esteve associado ao suplício, mas que também pode ser fonte de alegrias.
Deonísio da Silva*
A palavra “trabalho” veio do latim tripalium, tripálio, uma técnica de sofrimento obtida com três paus fincados no chão, aos quais era afixado o condenado, quando não empalado num deles até morrer. “Empalar” é espetar pelo ânus, algo comum na Antiguidade, ante o qual (1) a crucifixão romana foi um avanço.
A etimologia latina formou-se a partir do prefixo tri-, três, e palus, pau, estaca, poste, mourão. No plano mítico, este étimo foi abandonado, porém na Vulgata, como é conhecida a tradução da Bíblia, do hebraico para o latim, feita pela equipe de São Jerônimo, que (2) serviu de base às traduções portuguesas durante séculos até que tivéssemos acesso a traduções vindas diretamente dos originais hebraico e grego.
Quem (3) trouxe a condenação de Adão e Eva ao trabalho, do latim para o português, traduziu labor por trabalho, um de seus sinônimos. São Jerônimo descartou tripalium e optou por labor. Traduzir é escolher. Sua escolha evitou os vínculos de tortura, implícitos no étimo descartado, mas manteve os de sofrimento no étimo escolhido.
A ideia do trabalho como sofrimento não estava presente na etimologia latina, uma vez que o verbo trabalhar era laborare;(I) e trabalho, labor.
No italiano predominou este (4) sentido, de que são amostras as palavras lavorare e lavoro. No francês travail, ao contrário, a vertente é a mesma do português. Mas para trabalhador(II) a língua francesa preferiu ouvrier, do étimo latino operarius, do verbo operare, formado a partir de operis, genitivo de opus, obra, cujo plural é ópera(III).
No latim vulgar, porém(IV), operare transformou-se em operire. Em inglês, trabalho é work, e no alemão, Werk, procedendo ambos do grego érgon, ação, presente no português em outras palavras, como em ergoterapia, tratamento pelo trabalho.
Felizmente, a etimologia ensina de onde vieram as palavras, mas não determina que elas tenham hoje o significado que tiveram no passado. O trabalho pode ser inesgotável fonte de alegrias!(V) Segundo Friedrich Engels, teve papel fundamental na transformação do macaco em homem, mas aí(5) os erros de tradução do filósofo alemão são igualmente numerosos.
*Escritor e doutor em Letras pela USP
(Texto adaptado. Disponível em: <www.revistalinguaportuguesa.com.br>. Acesso em: 26. Dez. 2011)
A pontuação é um recurso sintático-semântico de fundamental importância para a organização do texto. A respeito dos sinais utilizados e de sua função, analise as proposições abaixo.
I. O ponto-e-vírgula (segunda linha do quarto parágrafo) poderia ser substituído pela vírgula, estando ambos de acordo com a norma padrão.
II. O fragmento “para trabalhador” (segunda linha do quinto parágrafo) deveria estar entre vírgulas, por se tratar de um adjunto adverbial deslocado.
III. A quantidade de vírgulas na última linha do quinto parágrafo é excessiva, dificultando a organização e compreensão do texto.
IV. A conjunção “porém” (primeira linha do sexto parágrafo) encontra-se entre vírgulas por estar deslocada de sua posição no período.
V. A exclamação (segunda linha do último parágrafo) é inadequada, pois o veículo de comunicação do texto exige um tom objetivo e impessoal.
Estão corretas, apenas: