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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre
Questão 1 de 1
Assunto: Sem classificação

O ROLÉ DO ROLEZINHO

 

O “rolé” se transformou em “rolezinho” em evolução tão rápida quanto o giro incontrolável das redes sociais

 

Enquanto se discute se os participantes dos rolezinhos são rebeldes com ou sem causa, pode-se discutir o significado e a origem da palavra que nomeia o fenômeno. Só não há dúvida de que a internet, ao alcance de todas as classes sociais, é o instrumento para promover os encontros. Parece também inevitável que, num encontro temperado por correrias, haja um ou outro descontrole, coisa que independe do nível socioeconômico da moçada.

 

Enfim, o “rolezinho” é uma torrente repentina no curso até então sereno de algum lugar ocupado por outras classes sociais. É diminutivo de “rolé”, assim, com acento agudo, como registram os dicionários. “Rolé” é parônima de “rolê”. Convém lembrar que palavras parônimas pouco diferem uma da outra na grafia ou na pronúncia.

 

Outra parônima de “rolé” e “rolê”, ambas oxítonas (acento tônico na última sílaba), é “role”, paroxítona (tônica na penúltima sílaba), forma do verbo “rolar” (“rodar”, “fazer girar”; e também “arrulhar”). “Rolar de rir” significa rir tanto a ponto de dobrar o corpo como um rolo.

 

“Rolé” significa pequeno passeio, volta. É substantivo usado só na locução “Dar um rolé”, isto é, dar um passeio, uma volta, um giro por aí. Pronuncia-se com [é] aberto. Antes de 1971, seria escrito “rolèzinho”, com o acento grave suprimido na reforma daquele ano. O acento nada importante eliminava raras dúvidas de pronúncia porque marcava a vogal subtônica dos vocábulos derivados em que figura o sufixo “-mente” ou sufixos iniciados por [z]. Assim: “pàzinha”, “cafèzinho”, “sòmente”, etc.

 

A palavra original, oxítona, tem acento: pá, café, só. Isso agora pouco importa. O que interessa é que, no significado e na etimologia, “rolé” se aproxima de “rolê”.

 

Rolê é o “movimento que o capoeirista executa agachado, de costas para o adversário, com o apoio das mãos e dos pés, para deslocar-se pelo chão”, como define o Aulete Digital. E “rolê de mergulho” é o executado com o corpo rente ao chão, lembra o Aurélio. Há a segunda acepção de rolê, usada em “bife rolê”, isto é, enrolado. Outra é a “gola rolê”, da blusa ou camisa em que o tecido envolve o pescoço.

 

Rolê e rolé, portanto, são aparentados porque representam coisas ou movimentos giratórios. Como “rolar”, aliás. De modo que “rolé” talvez tenha a mesma origem francesa de “rolê”, como indica o Houaiss: roulê é particípio passado de rouler, antes roueller, isto é, “enrolar”, de rouelle, depois ruele (rodela), do latim tardio rotella, diminutivo de rota, nossa roda universal. Inclusive a roda algo descontrolada em que gira o desvairado rolezinho.

MACHADO, Josué. Revista Língua Portuguesa, n°101, mar/2014.

 

“Pronuncia-se com [é] aberto. Antes de 1971, seria escrito “rolèzinho”, com o acento grave suprimido na reforma daquele ano. O acento nada importante eliminava raras dúvidas de pronúncia porque marcava a vogal subtônica dos vocábulos derivados em que figura o sufixo “-mente” ou sufixos iniciados por [z].

 

Assim: “pàzinha”, “cafèzinho”, “sòmente”, etc.” Assim, se a palavra original tivesse acento agudo ( ´ ), com o acréscimo do sufixo, passava a acento grave ( ` ).

 

Diante dessa explicação, qual alternativa contém palavras que também recebiam acento grave, antes da Reforma de 1971?



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